Belém do Pará e a gastronomia de encher os olhos (e a barriga)

Belém é linda, acolhedora, simpática e alto astral. É uma cidade que tem uma identidade que é percebida logo de cara.

A culinária paraense então, é a maior característica de diversidade e faz de Belém um local único para os amantes de boa gastronomia. Nunca imaginamos que seria possível estar no Brasil e experimentar tantos pratos com sabores realmente inusitados.

Se os países do exterior ainda conhecem o Brasil como país da Feijoada, é por que ainda não conheceram o Pará. Feijoada é ficha e, nem um pouco exótico, se comparado a gastronomia da amazônia paraense.

Todos os pratos têm características dos índios da região amazônica, mesclado a colonização europeia e a cultura negra, da época da escravidão no Brasil. Imagine 400 anos de história com tanta cultura e variedade. O resultado só poderia ser espetacular.

Você não pode ir a Belém sem experimentar:

Açaí com peixe frito 

Simbolo do Pará, o açaí não só está presente em todos os lugares e no dia a dia do paraense, como também é bem diferente do que encontramos em qualquer região do Brasil.

No Pará não existe suco de açaí, não existe açaí com guaraná, nem com granola e nem com fruta nenhuma. Por favor, não coloque morango ou banana no açaí próximo a um paraense que você escutará uma aula de como se come o açaí. Ou melhor ainda, coloque sim, o morango ou a banana, espere a bronca e se encante com a explicação de como é que é funciona o esquema. 🙂

O açaí paraense pode ser apreciado com peixe frito e farinha d’água ou de tapioca que é o mais famoso. Mas você pode come-lo com camarão, carne de sol, charque frito ou até com açúcar mascavo, se quiser como sobremesa.

Açaí com farinha d'água / Crédito: Ana Elisa Teixeira

Açaí com farinha d’água / Crédito: Ana Elisa Teixeira

O mais legal é que ele não dá energia e, sim, um sono intenso. O negócio é almoçar o açaí e partir para um cochilo na rede.

Ah, não se esqueça de experimentar a Bacaba e o Açaí Branco, que são bem parecidos na textura, porém com sabores totalmente diferentes. Aconselhamos o Açaí Tradicional e o Branco como prato principal e a Bacaba como sobremesa. Vai ser um nocaute – com relação ao sono – mais um momento muito feliz para você e seu estômago.

Açaí com peixe frito e farinha / Crédito: Ana Elisa Teixeira

Açaí com peixe frito e farinha / Crédito: Ana Elisa Teixeira

Arroz com jambu 

A maior parte dos restaurantes de culinária servem arroz com jambu. Ele é uma erva da Amazônia, usada em muitos pratos paraenses.

A folha de jambu anestesia a boca e deixa o sabor do prato um pouco diferente. Com o arroz ele tem uma combinação perfeita e pode ser adicionado a vários acompanhamentos da culinária paraense.

Arroz com jambu / Crédito: Ana Elisa Teixeira

Arroz com jambu / Crédito: Ana Elisa Teixeira

Pato no tucupi

Primeiro, o Tucupi é um caldo amarelo que é extraído da raiz da mandioca que é venenosa. O caldo demora cerca de uma semana para ficar pronto em razão da fervura para eliminar esse veneno. Tem um gosto bem inusitado e saboroso e pode ser combinado com peixe, frango, mas é com o pato que ele faz mais sucesso.

O pato é sempre servido em pedaços que ficam boiando no Tucupi. A receita também leva jambu e é indispensável comê-la com arroz branco e farinha de mandioca – uma farinha com coloração amarela que é muito mais saborosa que a farinha tradicional.

Pato no Tucupi / Crédito: Ana Elisa Teixeira

Pato no Tucupi / Crédito: Ana Elisa Teixeira

Maniçoba

A definição da maniçoba é ser a Feijoada Paraense. De fato ela tem alguns ingredientes que se assemelham a feijoada, mas é totalmente diferente.

Feita com folhas de mandioca (maniva moídas e cozidas) que também são venenosas e precisam ser bem cozidas por no mínimo 7 dias, a receita ainda acrescenta charque, lombo defumado, bucho, chouriço, paio, orelha, costela, pé e rabo de porco.

A aparência do prato não é das mais bonitas, mas o sabor é muito marcante e agradável. Aconselhamos experimentá-lo em um restaurante que tem fama por servir o prato, até por que muitos deles tentam “mascarar” sua aparência. Mas, como tudo na vida, a aparência não importa tanto quanto a essência.

Crédito: Alexandre Martins

Tacacá

Composto por tucupi, jambu, camarão seco e goma de tapioca, o Tacacá é servido quente e você toma como uma sopa. Só não peça que ele venha quente, por que ele vai vir repleto de pimenta. Então, tome cuidado.

Há também algumas variações do tacacá feitas com carne de caranguejo. É a mesma receita, só trocam o camarão seco por caranguejo.

O Tacacá mais famoso de Belém pode ser tomado no Complexo do Ver-o-Peso ou nas barracas das tacacazeiras. Tem diversas espalhadas pela cidade.

Servido em cuias – mesmo lugar aonde servem os açaís – é um dos pratos mais famosos da culinária paraense.

Crédito: Alexandre Martins

Feijãozinho de Santarém

Apreciado como salada, o feijãozinho manteiga de Santarém pode ser temperado com cebola, alho e coentro do norte com um pouco de cenoura para deixá-lo mais bonito. É servido normalmente de entrada e é super saboroso e refrescante.

Feijãozinho do Santarém / Crédito: Ana Elisa Teixeira

Feijãozinho do Santarém / Crédito: Ana Elisa Teixeira

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Filhote

Com o nome original de Piraíba e também chamado de “cascudo” em razão de sua couraça, o Filhote é o peixe mais amado do Pará. Ele é típico dos rios da Amazônia e é marcante por sua cor amarelada.

Ele é servido de várias maneiras: empanado, cozido no tucupi com folhas de chicória ou até mesmo na brasa. Pode ser apreciado com arroz de jambu, feijãozinho de Santarém, açaí e uma variedade de combinações.

Filhote assado com crosta de amêndoas e risoto de jambu no restaurante Manjar das Garças / Crédito: Ana Elisa Teixeira

Filhote assado com crosta de amêndoas e risoto de jambu no restaurante Manjar das Garças / Crédito: Ana Elisa Teixeira

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As opiniões aqui citadas são da Editora que esteve no Pará por 10 dias para um trabalho incrível em comemoração aos 400 anos de Belém com o site Diário do Turismo. Você pode acessar a Revista Digital do Diário aqui.

Post atualizado em 25/10/2017 após segunda viagem à Belém para celebrar o Círio de Nazaré. A revista digital Viagens e Rotas viajou a convite da Secretaria de Turismo do Governo do Pará.

O portal e revista digital Viagens e Rotas respeita a apuração do conteúdo de matérias e notas aqui publicadas para o leitor desse site com ética e profissionalismo. Leia os Termos e Condições

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5 comentários

  1. Fernanda

    Mana, onde eu encontro esse tacacá de caranguejo, pelo amor de nazinha??

    1. Ana Elisa Teixeira respondeu Fernanda

      Fernanda,
      Tudo bem?
      Experimentamos esse delicioso tacacá de caranguejo na Ilha de Marajó, em Salvaterra. 🙂

  2. David

    Maravilhoso! Sem falar das sobremesas como bolo podre, Monteiro Lopes, cupu, torta Maria Izabel, guaraná da Amazônia. Da um outro artigo.

  3. Pedrones

    Que delícia de reportagem.
    Belém é um paraíso para quem curte a boa gastronomia.

    1. Ana Elisa Teixeira respondeu Pedrones

      Pedrones, realmente é uma variedade cultural e gastronômica impressionante. Difícil não amar! Obrigada pelo comentário. Um abraço.